Género: Aventura/Romance/Magical Girl/Comédia/Drama/Fantasia
Demografia: Shõjo
Autor: Naoko Takeuchi
Director: Junichi Sato; Kunihiko Ikuhara; Takuya Igarashi
Estúdio: Toei Animation
Emissão Original: de 7 de Março de 1992 a 8 de Fevereiro de 1997
Duração: 200 episódios.
I am Sailor Moon! I stand for love. And I also stand for justice. And in the name of the Moon, I will punish you!
Storyline: A história centra-se em torno de uma princesa com identidade e poderes adormecidos. É a sua pequena companheira felina, Luna, que irá auxiliar inicialmente neste processo. Gradualmente, são despertadas outras navegantes sendo que cada uma corresponde a um determinado planeta do sistema solar. O príncipe Endimion, também adormecido, será alvo de uma constante disputa entre Usagi Tsukino e as vilãs da história. Ao longo de 200 episódios são ainda elevados diversos conceitos, muitos ambíguos, outros simplesmente com um duplo sentido, elevando-se sucessivos cenários que obrigam o presente a responder directamente às ameaças oriundas do passado e do futuro.
Crítica: É caso regular no anime existirem várias temporadas, por norma circunscritas a um número de 25 episódios embora isto não seja obviamente um qualquer tipo de regra. Sailor Moon, à semelhança de outros animes prolongou-se por várias temporadas - uma necessidade sobretudo se atendermos à longevidade deste trabalho (200 episódios!). Todavia, este anime contou com três diferentes directores e, mais importante que isso, com fases qualitativas a meu ver bastante distintas. Por esta razão irei fragmentar a crítica em diversos segmentos, de forma a isolar convenientemente cada área de análise.
Sailor Moon - 46 episódios (1st season)
Independentemente da qualidade do pacote todo, pelo menos será inequívoco dizer que a alma do projecto nasceu na primeira temporada e manteve-se imaculado nas subsequentes. Não irei fugir ao óbvio - Sailor Moon é um anime demarcadamente mais feminino e como tal abrange de forma mais eficaz este mercado. Diversos conceitos e preocupações são emanadas: roupas; beleza; cosméticos; justiça e sobretudo amor, muito amor! Mesmo nas próprias opções de desenho encontramos detalhes mais próximos do universo feminino e mesmo em número de personagens, estas são esmagadoramente mulheres elevando-se o mascarado como o salvador da bela em perigo, uma espécie de zorro nipónico cujo papel não assenta realmente no socorrer da dama mas sim no reforço ao romance e ligação da protagonista a uma figura masculina.
Sonhos, montes deles (alguns inclusivamente supérfluos) são pilares intrínsecos ao script da série. Como já certamente compreenderam, apenas estou ainda a caracterizar vectores globais. Acrescento um outro importante: padrão!
Existe um padrão concreto nesta primeira temporada e esse mesmo padrão tenderá também ele a manter-se até ao final da série. Reparem, no início de cada temporada temos sempre a inserção de novos dados e personagens, por vezes mesmo a noção de que algo está adormecido (esquecido) e que gradualmente será possível reviver a personagem no pleno da dua consciência. Temos a introdução de instrumentos e poderes, do inimigo (por norma em escalão inferior). Depois disto evoluimos para o meio da temporada onde afinal apreendemos que os inimigos primários afinal serviam alguém mais poderoso e será mesmo esse alguém mais poderoso a estar presente na derradeira batalha final, onde o mundo como o conhecemos estará repetidamente em perigo.
Relembro por exemplo aqueles episódios mais individuais onde a Usagi Tsukino luta ao lado da navegante de Mercúrio. Quando isto acontece, já sabemos que no episódio seguinte ela lutará contra algum demónio ao lado de uma outra das navegantes em falta. A forma singular em que cada uma das Inner Scouts foram despertando, entre outros exemplos - a isto chamo padrão!
Muitos poderão considerar isto repetitivo, monótono, pouco inovador, desinteressante, aborrecido (entre outros tantos adjectivos) - e terão razão! Mas recordo que estamos a abordar um anime de inícios dos anos 90 e na altura as coisas seguiam muito este género de rotinas.
Agora sendo mais circunscrito!
A primeira temporada, talvez por trazer em si a novidade, conseguiu surpreender do início ao fim e deixar-nos sempre no limite do suspense. Até determinado ponto, pelo menos. É óbvio que tudo tem um fim e à medida que a série progride começamos a conjecturar assertivamente alguns desfechos.
Em termos de inimigos, estes foram talvez os mais personalizados... não faltou inveja, ambição e mesmo romance no seu âmago. Curiosamente, o elemento masculino surgiu em maioria (sim, até a Zoisite era um homem!) - um elemento sempre constante em Sailor Moon assentará precisamente nisto... em alguns casos ficaremos mesmo na dúvida em relação à sexualidade dos intervenientes. Felizmente para nós, as próprias protagonistas terão as mesmas dúvidas e serão tãos fáceis de ludibriar quanto nós (talvez até um pouco mais). Todavia, o inimigo mais poderoso era, imaginem, uma mulher.
A primeira rede de inimigos esteve muito associada à terra, aos minerais. Estes, à semelhança dos sucessores, subsistem e ganham força através da energia dos humanos. Dos sentimentos dos humanos. Dos sonhos dos humanos. E aqui encontraremos seguramente alguma mensagem de foro mais subentendido.
Em termos de poderes também considero que (mesmo apesar da tiara) foi uma benção ver ceptros a menos, ou pelo menos mais diminutos. Mais originais também. A primeira temporada trouxe-nos ainda a Mercúrio, a Marte, a Júpiter, a Vénus ou Artemis por entre 4 generais inimigos e um boss derradeiro.
Foram 46 episódios que nos agarraram à cadeira. E interessante a perspectiva de como uma protagonista preguiçosa, medrosa, desequilibrada e vulnerável se conseguia desenvencilhar dos obstáculos à medida que um séquito bem mais determinado ia ganhando forma.
Tudo isto é coroado nos episódios 45 e 46 onde a rainha Beryl é finalmente confrontada sendo que também todas as navegantes e o Príncipe Endimion morrem. Foi o momento mais dramático e dificilmente ele se iria voltar concretizar com contornos tão eficazes. E na minha opinião não se realizou! Convenhamos, ninguém sabia o que viria a seguir... era realmente aceitável que as protagonistas morressem. Não morreram verdadeiramente e nas mortes subsequentes a carga dramática minguou, sobretudo por já se antecipar que mais uma vez as navegantes teriam retorno assegurado! Excepto lá está, naqueles casos que envolveram outras personagens cujo desfecho ainda respirava além das nossas mãos - lembro-me para o efeito, por exemplo, das mortes da Úrano e da Neptuno na terceira temporada.
Quanto a mim, por tudo o que já referi, a primeira temporada de Sailor Moon cessou cotada em nível, imaginem, 9!
As lutas poderiam ser melhores. O padrão roi-me o âmago admito... Usagi consegue ser deveras irritante por vezes e a própria história não transcende ricos horizontes. Mas sublinho desde já uma aura envolvente, que poucas vezes conseguimos encontrar noutras séries. Talvez defendida essa aura por uma OST brilhante (com o cunho de Vanessa Mae) ou com a carga dramática constante mas eficaz ao longo dos 200 episódios.
A dinâmica da animação consegue ser também interessante e as cores e o traço surgem mais à vontade neste género de anime.
Agora que sublinhei os principais vectores e não me alongando muito mais, circunscrevo as quatro temporadas restantes:
Sailor Moon R - 43 episódios
Mesma direcção! Em termos de cores manteve-se em muito um tom frio, recorrendo Junichi Sato a elementos ligados à neve, ao próprio gelo. Os inimigos foram obviamente substituídos... sendo trocados os minerais por pedras de elevado calibre. Esmeralda, Safira, Diamante e Rubi passaram a ser os adversários de destaque. Em termos de script este conseguiu sobreviver, inserindo o mesmo padrão aplicado na primeira temporada (a questão das personagens adormecidas ou apenas acordadas quando inconscientemente: o Príncipe Endimian deixou de ser o Zorro para se tornar num príncipe das Arábias).
Ail e An surgiram como entidades alienígenas de forma a gerarem um inimigo primário relativamente mais fraco - o típico aperitivo. Mas foi Chibiusa quem realmente centrou eficazmente o argumento de Sailor Moon R, recorrendo a um sentido inverso: se na primeira temporada existiu o passado enquanto motor de arranque, desta feita inverteu-se direcção ascendendo o próprio futuro enquanto matriz.
A qualidade quanto a mim não decresceu, justificando-se o 9 também neste segmento da animação.
Sailor Moon S - 38 episódios
A mudança de direcção reforçou o padrão existente e manteve a aura de Sailor Moon talvez até mesmo colocando alguns contornos mais enigmáticos. O objectivo foi mesmo o de introduzir as três navegantes ainda em falta: Úrano, Neptuno e Saturno (Plutão já havia surgido na R). Os novos poderes destas, as personalidades vincadas e a sua missão manteve o interesse do anime, coroando-o com uma carga dramática verdadeiramente admirável. Curiosamente mais uma vez sob o signo menos convencional - Úrano e Neptuno desde cedo transpareceram uma relação amorosa efectiva. Algo que já haviamos visto no lado dos inimigos, nomeadamente entre Zoisite e Kunzite.
Pessoalmente, considero mesmo Haruka Tenoh e Michiru Kaioh como as personagens melhor configuradas em toda a série. E esse aspecto aliado à evolução sonora que abençoou Sailor Moon S, logrou obter o nível 8.
Sailor Moon Super S - 39 episódios
É realmente com Super S que as coisas dolorosamente acabam por decrescer.
Acentuou-se a veia polémica, acabando por se exagerar nas personagens de Hawk's-Eye; Tiger's-Eye ou Fish Eye. Sailor Moon tornou-se numa verdadeira aberração de movimentos, luzes, rosas e muitas estrelinhas. Chibiusa surge mais irritante do que nunca (mais até do que a própria Usagi!) e pior do que isso, trás consigo um unicórnio aparentemente pedófilo.
Um bando de raparigas coloridas que dão pelo nome de Amazonas e todo um Dead Moon Circus que assumindo o seu lado aberrante não tornou com isso, este segmento de animação menos estranho. Queen Nehelenia, que parece uma senhora de avultada idade cheia de plásticas e operações cirúrgicas, acaba mesmo por ser o elemento de maior interesse entre todo um séquito de inimigos aborrecido. Mas mais uma vez, Nehelenia tal qual Beryl, acaba por se apaixonar por Endimion e tudo fazer para o roubar a Usagi - repetição de padrão uma vez mais.
Foi, sem dúvida alguma o trecho mais ineficaz de Sailor Moon com resultados visivelmente mais negativos e que, infelizmente, terão arruinado muita coisa, inclusivé o honroso desfecho que estava reservado para o trabalho em termos globais.
Um segmento que sorri, ao ver um 7.
Sailor Moon Stars - 34 episódios
Mantendo-se o padrão de outrora, surge em campo a mais poderosa inimiga de que há memória: Galáxia. E com esta surgem três superviventes, as Starlights, inimigas mortais da primeira. Estas últimas são também mais um elemento ambíguo na série, caminhando de dia enquanto homens mas enquanto mulheres, na sombra. Escrevo obviamente de uma forma menos literal mas a mensagem presente é absolutamente fidedigna. De qualquer modo, as lutas melhoraram, a carga dramática regressou. O mascarado perdeu-se quase que definitivamente sendo substituído temporariamente no coração de Usagi por uma das starlights, a Fighter.
Na caminhada para o derradeiro final, alinhavaram no palco um vasto conjunto de personagens que soube perecer e reviver com toda a dignidade. Confesso que tanto as Inner Scouts como Plutão e Saturno poderiam ter dado muito mais... mas as 3Lights, Úrano e Neptuno acabaram por ocupar os espaços em falta relegando mesmo por momentos a própria navegante da Lua para a condição de mera espectadora. Claro que no fim esta ocupará sempre o seu pedestal. Um 9 para um final feliz.
Em suma e, sendo picuinhas, a primeira temporada conseguiu ser superior. A quinta (última) e a segunda andaram cotadas a nível muito similar, ainda que com ligeira vantagem para a última temporada. A terceira fase conseguiu segurar um patamar já em esforço mas ainda assim cumpriu funções. Sendo que a quarta temporada terá sido efectivamente a parente pobre em termos globais.
Claro que não vou atribuir uma pontuação fragmentada como aquela que fiz ao longo da crítica, pelo que Sailor Moon recebe:
9/10
Ena pah! que saudades! lembro-me tao bem disso. Se calhar pq ainda há dias atrás vi um episódio no Canal panda xD
ResponderEliminarJolly.
Foi de facto um anime que marcou a geração de finais de 80s e inícios de 90. E a verdade é que muita gente desdenhava mas depois todos viam!
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