Género: Horror; acção; ficção científica; distopia.
Demografia: Shõnen
Demografia: Shõnen
Director: Koichiro Hatsumi
Autor: Yasuyuki Muto
Autor: Yasuyuki Muto
Estúdio: Manglobe
Emissão: 17 de Abril de 2011 a 3 de Julho de 2011.
Duração: 12 episódios e 1 OVA (8/10/2011).
Comecei a progredir na visualização desta série com grandes expectativas e após um início que prometia almejar atingir o Olimpo.
Deadman Wonderland (DW) tinha aparentemente, tudo! Despontava com uma OP habilmente construída, logrando a harmoniosa fusão do sonoro com o visual e a partir daí engrenava numa história extraordinária. Lembro-me perante isto de pensar estou provavelmente, perante um dos melhores animes de sempre!
Sim, não é vossa impressão o ácido que subtilmente assola as minhas palavras...
Deadman Wonderland ascendeu a um nível tão elevado, que outra coisa que não a concretização inquestionável da sua qualidade, me deixaria irremediavelmente desapontado. E tanto deixou...
Eu admito que sou um adepto de lutas épicas, como as que encontramos em trabalhos como Fairy Tail, Naruto, Bleach ou Dragon Ball... mas sou ainda mais devoto de séries bem arquitectadas, cuja profundidade da trama seja notável e onde para o melhor ou para o pior esteja o ser humano representado, com toda a pujança emocional que lhe é inerente.
E admitindo que é fácil encontrar este último vector no anime, a verdade é que na esmagadora maioria dos casos só o encontramos retratando de forma eficaz o que de melhor há em nós. DW assumia-se como um feroz candidato a vincar a fogo esta última qualidade que tanto me agrada, mas optando por enaltecer o que de pior há na humanidade.
Até vos pode soar estranho redigir isto assim, mas não escondo que dou primazia a quem encara a realidade como ela é, nua e crua e tantas mas tantas vezes injusta. E essa é indubitavelmente a essência de Deadman Wonderland: uma série que revela a injustiça na nossa sociedade; a insensibilidade humana no seu melhor (ou pior) promovendo cenas sangrentas, por vezes mesmo sádicas e que astutamente nos torturarão o estômago confrontando-nos com o macabro.
E esta longa frase dá o mote para o ínicio da sinopse: Igarashi Ganta é introduzido como um jovem estudante absolutamente normal - trata-se de um personagem magricela, sem grandes atributos físicos ou intelectuais. A trama evolui rapidamente para um verdadeiro massacre! Red Man, um vulto que surge flutuando banhado em sangue e envergando uma armadura escarlate, procede à aniquilação de todos os amigos e colegas de aula de Ganta. Inexplicavelmente, Red Man poupa a vida de Ganta e em adição a isto ainda lhe parece aplicar uma misteriosa acção.
Na sequência deste episódio, Igarashi Ganta é acusado de ter assassinado toda a turma e após o julgamento, é confinado a uma prisão atípica onde os presos têm de lutar para entretenimento dos espectadores (por vezes até à morte) e onde através de grandes custos conseguem ter acesso ao candy - um doce que lhes prolonga o tempo de vida.
Agora imaginem um rapaz com os atributos que acima descrevi. Imaginem esse mesmo miúdo totalmente confuso e perdido - acusado de ter morto os amigos, impiedosamente culpado e colocado num verdadeiro Inferno. Ganta será alvo de Bullying por parte de alguns presos (outros tentarão aproveitar-se dele), a sua vida estará sempre por um fio, no limite e como cereja do bolo: também ele terá de enfrentar combates sangrentos e inumanos para divertimento do público sendo que em caso de derrota, admitindo que sobrevive a essa mesma batalha - terá ainda de passar pela penalização, onde lhe é retirado um órgão vital.
Trágico não é? Mas convenhamos... também original e assaz interessante. Eu pelo menos fiquei colado, na expectativa de novos episódios! Personagens misteriosas foram surgindo e a trama parecia emanar uma profundidade luxuriante.
E a minha crítica começa verdadeiramente neste ponto, refutando toda a qualidade enaltecida até aqui, cumprindo-me agora enunciar a outra face desta história (ainda que sem beliscar as componentes gráficas): Havia sumo para muito, muito mais! Os diversos vectores de interesse na trama são introduzidos e esquecidos a uma velocidade vertiginosa e a qual nem nos dá tempo para processarmos e conjugarmos convenientemente os cenários e toda a informação que nos é dada. Ao invés, reparamos que este Titanic se afunda que nem um navio gordo e esventrado de popa a proa, sem salva-vidas para todos e em boa verdade, sem pompa alguma.
As personagens surgem - parecem vir a ter um papel importante no enredo - e igualmente depressa ou são esquecidas ou morrem. Simplesmente não existe tempo para pelo menos processarmos convenientemente a sua existência.
Exemplifico com o minguar absurdo da tensão que envolvia a problemática da subsistência e dos candies; com a rápida transição de Ganta de uma área da prisão para outra (onde as realidades são completamente distintas); até mesmo com o Director da prisão que depressa morre sem explicar coisa alguma ou até mesmo com a chefe da guarda que acaba por não ser mais do que uma inutilidade em toda a série. Também os espectáculos mórbidos (Carnival Corpse) poderiam ter levado outra volta; também a evolução de Ganta ou a aliança deste com outros presos e em como isto descamba numa fuga poderia ter levado um outro tempo; ou mesmo a prestação de Yo Takami, a qual tal como tudo o resto acaba por saber a muito, muito pouco.
Eu usei o termo "poderiam" mas este equivale na prática a um "deveriam".
Deadman Wonderland tinha tudo nas mãos para gravar o seu nome na história do anime, não duvido disto. Mas não o conseguiu. Nunca DW deveria ter enveredado por um pequeno conjunto de 12 episódios quando a imensidão do seu conteúdo preenchia descontraidamente 26 episódios.
26 episódios onde todos os aspectos que enumerei lograriam atingir a solidez desejada.
DW seria épico, o retrato do verdadeiro Inferno e uma referência para todos aqueles que apreciam um mundo mais alternativo, menos cor-de-rosa.
Elevar-se-ia a relação entre a insensibilidade e o espectáculo, vincando-se o conceito de injustiça através de uma luta desesperada pela sobrevivência. O derradeiro terror físico e psicológico devidamente despoletado, conduzir-nos-ia a uma reflexão sobre as temáticas abordadas, a um confronto interior e acredito que o nosso lado mais emotivo seria estimulado e colocado à prova.
It doesn’t matter whether this world is crazy or not. It doesn’t matter if this absurdity is real. It doesn’t matter how messed up this place may be… I want to survive.
Comecei a progredir na visualização desta série com grandes expectativas e após um início que prometia almejar atingir o Olimpo.
Deadman Wonderland (DW) tinha aparentemente, tudo! Despontava com uma OP habilmente construída, logrando a harmoniosa fusão do sonoro com o visual e a partir daí engrenava numa história extraordinária. Lembro-me perante isto de pensar estou provavelmente, perante um dos melhores animes de sempre!
Sim, não é vossa impressão o ácido que subtilmente assola as minhas palavras...
Deadman Wonderland ascendeu a um nível tão elevado, que outra coisa que não a concretização inquestionável da sua qualidade, me deixaria irremediavelmente desapontado. E tanto deixou...
Eu admito que sou um adepto de lutas épicas, como as que encontramos em trabalhos como Fairy Tail, Naruto, Bleach ou Dragon Ball... mas sou ainda mais devoto de séries bem arquitectadas, cuja profundidade da trama seja notável e onde para o melhor ou para o pior esteja o ser humano representado, com toda a pujança emocional que lhe é inerente.
E admitindo que é fácil encontrar este último vector no anime, a verdade é que na esmagadora maioria dos casos só o encontramos retratando de forma eficaz o que de melhor há em nós. DW assumia-se como um feroz candidato a vincar a fogo esta última qualidade que tanto me agrada, mas optando por enaltecer o que de pior há na humanidade.
Até vos pode soar estranho redigir isto assim, mas não escondo que dou primazia a quem encara a realidade como ela é, nua e crua e tantas mas tantas vezes injusta. E essa é indubitavelmente a essência de Deadman Wonderland: uma série que revela a injustiça na nossa sociedade; a insensibilidade humana no seu melhor (ou pior) promovendo cenas sangrentas, por vezes mesmo sádicas e que astutamente nos torturarão o estômago confrontando-nos com o macabro.
E esta longa frase dá o mote para o ínicio da sinopse: Igarashi Ganta é introduzido como um jovem estudante absolutamente normal - trata-se de um personagem magricela, sem grandes atributos físicos ou intelectuais. A trama evolui rapidamente para um verdadeiro massacre! Red Man, um vulto que surge flutuando banhado em sangue e envergando uma armadura escarlate, procede à aniquilação de todos os amigos e colegas de aula de Ganta. Inexplicavelmente, Red Man poupa a vida de Ganta e em adição a isto ainda lhe parece aplicar uma misteriosa acção.
Na sequência deste episódio, Igarashi Ganta é acusado de ter assassinado toda a turma e após o julgamento, é confinado a uma prisão atípica onde os presos têm de lutar para entretenimento dos espectadores (por vezes até à morte) e onde através de grandes custos conseguem ter acesso ao candy - um doce que lhes prolonga o tempo de vida.
Agora imaginem um rapaz com os atributos que acima descrevi. Imaginem esse mesmo miúdo totalmente confuso e perdido - acusado de ter morto os amigos, impiedosamente culpado e colocado num verdadeiro Inferno. Ganta será alvo de Bullying por parte de alguns presos (outros tentarão aproveitar-se dele), a sua vida estará sempre por um fio, no limite e como cereja do bolo: também ele terá de enfrentar combates sangrentos e inumanos para divertimento do público sendo que em caso de derrota, admitindo que sobrevive a essa mesma batalha - terá ainda de passar pela penalização, onde lhe é retirado um órgão vital.
Trágico não é? Mas convenhamos... também original e assaz interessante. Eu pelo menos fiquei colado, na expectativa de novos episódios! Personagens misteriosas foram surgindo e a trama parecia emanar uma profundidade luxuriante.
E a minha crítica começa verdadeiramente neste ponto, refutando toda a qualidade enaltecida até aqui, cumprindo-me agora enunciar a outra face desta história (ainda que sem beliscar as componentes gráficas): Havia sumo para muito, muito mais! Os diversos vectores de interesse na trama são introduzidos e esquecidos a uma velocidade vertiginosa e a qual nem nos dá tempo para processarmos e conjugarmos convenientemente os cenários e toda a informação que nos é dada. Ao invés, reparamos que este Titanic se afunda que nem um navio gordo e esventrado de popa a proa, sem salva-vidas para todos e em boa verdade, sem pompa alguma.
As personagens surgem - parecem vir a ter um papel importante no enredo - e igualmente depressa ou são esquecidas ou morrem. Simplesmente não existe tempo para pelo menos processarmos convenientemente a sua existência.
Exemplifico com o minguar absurdo da tensão que envolvia a problemática da subsistência e dos candies; com a rápida transição de Ganta de uma área da prisão para outra (onde as realidades são completamente distintas); até mesmo com o Director da prisão que depressa morre sem explicar coisa alguma ou até mesmo com a chefe da guarda que acaba por não ser mais do que uma inutilidade em toda a série. Também os espectáculos mórbidos (Carnival Corpse) poderiam ter levado outra volta; também a evolução de Ganta ou a aliança deste com outros presos e em como isto descamba numa fuga poderia ter levado um outro tempo; ou mesmo a prestação de Yo Takami, a qual tal como tudo o resto acaba por saber a muito, muito pouco.
Eu usei o termo "poderiam" mas este equivale na prática a um "deveriam".
Deadman Wonderland tinha tudo nas mãos para gravar o seu nome na história do anime, não duvido disto. Mas não o conseguiu. Nunca DW deveria ter enveredado por um pequeno conjunto de 12 episódios quando a imensidão do seu conteúdo preenchia descontraidamente 26 episódios.
26 episódios onde todos os aspectos que enumerei lograriam atingir a solidez desejada.
DW seria épico, o retrato do verdadeiro Inferno e uma referência para todos aqueles que apreciam um mundo mais alternativo, menos cor-de-rosa.
Elevar-se-ia a relação entre a insensibilidade e o espectáculo, vincando-se o conceito de injustiça através de uma luta desesperada pela sobrevivência. O derradeiro terror físico e psicológico devidamente despoletado, conduzir-nos-ia a uma reflexão sobre as temáticas abordadas, a um confronto interior e acredito que o nosso lado mais emotivo seria estimulado e colocado à prova.
A margem de DW era tanta, que o nível 10 seria atingido com uma banalidade solene.
Aquilo que realmente foi eficazmente explorado foi tão pouco, que Deadman Wonderland nunca poderia vir a sonhar com mais do que um 8/10.
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