Pandora Hearts

Título Original: Pandora hãtsu

Género: Mistério, fantasia, acção, comédia, romance.
Origens: Japão.
Autor: Jun Mochizuki.
Director: Takao Kato.
Estúdio: XEBEC.
Estreia: Abril 3, 2009, transmitido até Setembro 25, 2009.
Duração: 25 episódios.


"It's never fun to reject a single person.
But he can't be allowed to exist."



Pandora Hearts foi definitivamente uma boa surpresa. Ao primeiro contacto não reteve com total eficácia a minha atenção, devo dizer... mas a animação sofreu um impulso pujante a cada episódio decorrido. O enredo não é muito complexo mas também não envereda por uma linha maçadoramente simplista. Nesse aspecto Pandora é absolutamente Q.B. e consegue cativar, com alguma garantia, se lhe for concedido o tempo necessário. A mesma correlação é aplicada aos personagens abarcados pela história.


Oz Vessalius assume-se como o grande protagonista. Herdeiro de uma das quatro Casas ducais que podemos encontrar na série, bem, 1 de 5 para ser mais acurado. E como já deves ter compreendido por esta altura, este não será o típico anime repleto de edifícios modernos e dotado da mais imaginativa tecnologia e respectivos equipamentos – ao invés, predomina um passado onde os nobres dominam o topo de uma pirâmide social local e os cavalos e inerentes diligências formam o mais rápido e luxurioso meio de deslocação.


Procurando não vos mimar demasiado com spoilers, aqui fica uma muito resumida contextualização: Oz é um miúdo de 15 anos, rico e naquela fase difícil proporcionada pela idade. O rapaz está-se a transformar num Homem. O que há de tão importante neste aspecto? Bem, caso visualizem a série, poderão perceber que Pandora Hearts tentará baralhar-vos um pouco os pensamentos, o que lhe concede uma essência muito cerebral por vezes e ajudará a isto o facto do nosso protagonista se sentir constantemente perdido nesta mesma transição. Oz é um miúdo que nasceu em berço de ouro, rodeado de ostentação, o rapaz está no caminho para se tornar num nobre bastante importante, talvez mesmo um duque... ele tem um tio que se preocupa, um criado aterradoramente fiel e uma doce e dependente irmã. Ele é alegre e tem a capacidade de animar aqueles que o rodeiam e é traquina ao ponto de brincar e pregar travessuras com frequência... cenário feliz, não é? Nem por isso, na realidade o seu ego está quebrado, a solidão e a própria rejeição fazem parte activa da sua vida, o que o torna num miúdo depressivo em várias ocasiões, mesmo que ele tente manter uma postura que nos diga o contrário.

Desapontados? Não fiquem! Afinal não se trata apenas de Oz, mas praticamente todos os personagens mais proeminentes correspondem neste aspecto, no sentido em que nenhum deles detém certezas absolutas e mesmo os mais inteligentes carecem por vezes de firmeza, digladiando-se dentro de uma desesperada necessidade para descobrirem alguma coisa (bem, talvez 1 ou 2 personagens tentem impedir este tipo de demandas indesejáveis).
A demanda, essa é comum, onde todos os intervenientes estiveram conectados a determinada altura no decorrer de uma tragédia épica e alguns dos mesmos perderam a memória algures nesse trajecto. É isto positivo? Bem, sobretudo para a trama, dado que este passado acentuará a individualidade de cada carácter com o bónus de retirar a estabilidade ao seguimento da animação, onde não terás certezas em relação a muita coisa com alguma profundidade mais demarcada.
Para melhorar as coisas, Pandora Hearts dá-nos o Abyss, onde encontramos as chains, contractors e a própria personificação da vontade do abismo. Sobre isto, não me permitirei conceder mais pistas sobre a série pois trata-se de um vector primordial na mesma, intensificando Pandora em originalidade e complexidade e isso na minha opinião, é o que torna este anime tão apelativo.

É Pandora Hearts assim tão bom?

Honestamente, apenas sinto que ganha quem assistir, mas não posso dizer que será a vossa perda do ano se a deixarem passar. Infelizmente a série acaba algo abruptamente e após um óbvio decrescimento quando falamos numa qualidade global... nos últimos episódios senti que algo tinha mudado, e não num bom sentido pois por vezes o próprio grafismo pareceu tornar-se menos aprumado e o texto ganhou um contorno mais dúbio por sua vez - existiu ali uma inversão no enredo, posso dizer que assisti a dois ou trés epis onde nada de novo foi trazido para a história, nenhum tipo de desenvolvimento, quase como que toda a equipa hesitasse e aguardasse pela definição de um destino que, na minha opinião, cessou mais cedo do que pretendiam.
Plus, facilmente poderão observar que os personagens embebedam-se, deprimem, descobrem muito de repente os domínios do inimigo, que por alguma razão desconhecida permaneciam desconhecidos, até mesmo perante os vastos recursos da significativa Organização (Pandora), correlacionada com a maioria dos protagonistas (senão mesmo todos)... e além deste facto, temos a constante sensação de que existe um desespero que se prende a uma necessidade de provocar maior acção em torno do episódio 24, quase que numa corrida contra o tempo para dar à série um final decente e evitar desse modo um final brusco - creio que falham nesta intenção. Reparem que até aos 5 minutos antes do absoluto final, ainda não tinha decorrido a “boss battle”, nada realmente definia a história ou revelava grande coisa, permanecendo o destino dos personagens incerto e ambíguo.

No fim, sentir-te-ás tentado a apostar na manga, ou então, a aguardar pelo anúncio louvável do lançamento de uma segunda temporada (o que infelizmente não está garantido).
O anime em si tem um seguimento muito aproximado da manga, que não avançou assim tanto ainda, se comparado com o corrente desfecho da série... o que não causará grande perturbação aos que agora transitem da TV para o papel.


A história está repleta de enigmas e puzzles que aparentam alguma solidez, com uma boa carga de humor e drama. A abordagem a Alice no País das Maravilhas numa maneira distorcida, quase como que uma peça de Tim Burton é também por si um lado bastante agradável de Pandora Hearts. 
A ausência de acção é também ela evidente, mas funcional, até pelo menos determinada altura. Mas é perceptível que o enredo concede muitas oportunidades para inserir mais acção do que aquela que realmente acabou por existir. O guião pode não ser muito revelador mas pelos menos far-te-á pensar. Poderemos encontrar algumas insuficiências nos efeitos sonoros mas a OST está colocada realmente num bom nível e funciona perfeitamente. Quanto ao grafismo, o ambiente noir e medieval são interessantes mas acredito que a abordagem efectuada não satisfará as exigências de todos. O traço amador (deliberado) que poderás atentar por vezes, dificilmente te fará perder a respiração, mas considero esta aposta como fortuita e concede à animação um aspecto mais original, especialmente no tratamento dado ao abyss, às chains e a alguns personagens.


Quanto aos pontos altos e baixos, já mencionei alguns deles, logo escolherei apenas 2 de cada, talvez para mim os mais relevantes:

Pontos Altos:

  • A originalidade do texto, a história em si;
  • Uma grande banda sonora que se encaixa na perfeição no ambiente de Pandora Hearts.
Pontos Baixos:
  • O fim apressado;
  • Menos acção do que gostaria de ter assistido e algumas insuficiências na dinâmica da animação.

Rating:
  • História 9/10
  • Personagens (Prestações vocais 8/10; Personalidades 8/10)
  • Animação (Grafismo 8/10; Dinâmica 7/10)
  • Som (OST 9.5/10; Efeitos sonoros 7/10)


Geral: 8/10 bolachas. (8,25/10).

Bem, é tudo por agora, para os que se resolvam a seguir este anime... boas degustações! Caso optem por outros, degustem igualmente bem ^^

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