Code Geass: Lelouch of the Rebellion

Título Original: Kodõ Giasu: Hangyaku no Rurüshu


Género: Drama; mecha; alternate history.
Origens: Japão.
Companhia: Sunrise.
Lançamento: De 5 Outubro de 2006 a 28 Setembro de 2008.
Duração: 52 episódios (divididos em 2 temporadas).

Dirigido por Gorõ Taniguchi e escrito por Ichirõ Õkuchi.


"Yes... I... destroy... worlds...
create... worlds..."
Se o mundo da mecha no Anime já constituía um pilar fortíssimo, então com a estreia de Code Geass este mundo reforçou-se enquanto uma das vanguardas mais rentáveis e aliciantes neste segmento de mercado. E se ainda duvidam do sucesso deste tipo de ambiente num suporte mais mecânico, então bastar-me-á dizer que Code Geass juntou-se a Evangelion enquanto a série mais galardoada nos vários certames votados a este nosso meio.
E não posso mesmo deixar de colocar ombro a ombro estes dois pedaços de obra-prima. Uma travessura talvez, dado o prestígio desmesurado de EVA.
Ainda assim reparem, apesar do género que abarca ambos os trabalhos, certo é que ambos traçaram uma aposta diferente e isto poderão atestar se considerarem que a mecha em Code Geass não vai além do equipamento militar em si onde imperam constantes upgrades e se é verdade que os mesmos concedem à série uma dinâmica indispensável e uma atmosfera muito própria ao enredo... também é verdade que não tem de modo algum o destaque central que têm os orgânicos Eva's em Evangelion. A trama é muito mais centralizada em torno do funcionamento das personagens entre si. Mesmo assim, acredito que é válido dizer que Code Geass simplesmente não precisa da centralização da história no elemento mecha pois tem muito mais do que esse elemento para nos oferecer: sobretudo um script arrebatador onde as tácticas militares superam de longe a mera existência mecânica transportando o nível de cada episódio para um novo patamar de elevado brilhantismo.
Mas deixem-me clarificar um pouco mais esta súbita abordagem a Evangelion nesta crítica. De facto, eu apenas o fiz com o propósito de despoletar uma espécie de rivalidade entre ambos (shame on me!) mas reparem: 15 anos decorridos de domínio, apenas sinto adequado simplesmente perguntar - é Evangelion ainda a melhor série de anime jamais criada até aos nossos dias correntes?
E é com esta pequenina e inocente questão que lanço aqui a crítica, sem obviamente responder a esta mesma pergunta.


Trama

E se num futuro distante, a União Europeia, as Superpotências Asiáticas emergentes e um Império Americano discutissem entre si a hegemonia mundial? Esta perspectiva é assaz interessante, afinal, não são hoje China, Estados Unidos, India e UE + Russia os maiores poderes da actualidade? Encontrarão sem esforço metade da população mundial reunida sob a égide destes quatro blocos. Não é difícil reconhecer ao autor a inteligência para brincar com esta realidade onde ele simplesmente a utiliza enquanto motor para estabelecer um Universo alternativo onde encontrarás 3 superpotências: o Sagrado Império Britânico movido por um Darwinismo social enquanto doutrina ideológica; a Federação Chinesa onde regem imperadores tradicionais e por fim o Euro Universe que não é mais do que um bloco enfraquecido devido aos seus severos problemas políticos.

No meio de toda a rede política enunciada, encontrarão o Japão enquanto abastecedor mundial de uma fonte primária (cerca de 70%) fonte essa que assenta num mineral energético denominado sakuradite e, por essa mesma razão, alvo prioritário das restantes superpotências.

A acção toma lugar após a conquista do Japão pelo Sagrado Império Britânico no ano de 2010 a.t.b. às mãos dos seus poderosos Knightmare Frames, as revolucionárias armas de guerra e nas quais poderão saborear o doce sabor de uma constante evolução no decurso das batalhas - uma verdade absoluta de qualquer guerra.
Enclausurado no Japão enquanto uma mera moeda de troca, Lelouch Lamperouge, príncipe da Britânia, terá sido abandonado pelo próprio pai, ao lado da frágil irmã Nunally incapaz de andar ou ver sendo essas pesadas limitações o nefasto legado do assassinato da rainha Marianne, sendo Nunally gravemente ferida na sequência do mesmo.
Lelouch é por isso consumido por um ódio voraz face ao pai e quando a sorte sorri ao esquecido príncipe adquirindo este o Geass... ele manobrará meio mundo promovendo na sombra uma vingança pela mãe e pelo estado da irmã e tentará ainda compreender a verdade por detrás do assassinato de Marianne e ao mesmo tempo abraçará ainda o projecto épico de mudar o mundo, almejando formular um onde a sua irmã Nunally possa viver feliz.

No fim, se quiserem colocar as coisas de forma simples e directa, encontrarão na génese de Code Geass um total paradoxo entre vingança e desejo de proteger os mais queridos. E eu acredito que é este mesmo paradoxo que garante a Lelouch tão demarcada personalidade: acreditem... vão odiá-lo, ah se vão! Mas também serão compelidos a AMAR este gajo incondicionalmente.
E aí têm um eficaz e totalmente invulgar protagonista. Os seus traços psicológicos irão esmagar-vos. Um jovem e absoluto génio de personalidade retorcida... do género de personagem fraca no que toca a esforços físicos, onde até encontrarão um exército de raparigas a digladiarem-se pela protecção deste rapaz, mesmo uma empregada de limpezas que afinal vira uma ninja infiltrada! Mas também o tipo de pessoa que manipulará toda e qualquer mente em que ele consiga jogar as mãos. Além das suas habilidades físicas limitadas, eu diria que Lelouch tem também por vezes de se ver a braços com o seu próprio ego. Ele é genial mas por vezes ele próprio está demasiado consciente disso.

De príncipe a marioneta política.
De estudante a rebelde.
De salvador a traidor e de esperança a ódio global.
Lelouch é provavelmente, na minha opinião, um dos mais bem sucedidos personagens do Anime (senão mesmo o melhor).

Agora, se reunirem esta atmosfera única de um bem estruturado contexto social/político/militar com carácteres excepcionais, um design brilhante e uma dinâmica de movimentos absolutamente estonteante onde a acção simplesmente flui através de uma eficaz trilha sonora e se a tudo isto adicionarem um acurado sentido de humor e drama e ainda anexarem um avançado mundo de mecha com um sumptuoso script... meus amigos, vocês terão aqui nas vossas mãos, uma obra-prima que é sem dúvida alguma uma das melhores séries alguma vez fabricadas até ao dia de hoje.
Uma especial nota para o Geass, o poder dos reis, dado que com naturalidade não estarão cientes quanto ao que este poder abarca exactamente. O Geass surge na sequência de um contracto entre um humano e um imortal, transmitindo-se por este meio um poder sem par (esta faceta de Code Geass relembra-me em muito a mesma lógica operativa de Death Note quando se estabelece o contracto entre o shinigami Ryuuk e o humano Light). Esta misteriosa habilidade permite ao humano afectar directamente as outras pessoas, utilizando um simples e aterrador "now, just die". Compreenderão que este mesmo poder adquirirá múltiplas formas, dado que cada privilegiado terá um tipo de Geass distinto. Yeap,é verdade, há mais do que um portador do Geass e como poderão descobrir por vós mesmos, eventualmente, também é facto a pluralidade dos imortais doadores, cuja existência mencionei.

High points:
  • Viciante, definitivamente não se sentirão aborrecidos;
  • Um excepcional e dinâmico design;
  • Encontrarão temas fantásticos ao longo da trilha sonora;
  • Uma história terrífica, cheia de emoções. Injustiça é um conceito cujo significado aprenderão da pior forma.
Down points:
  • O script é muito... muito bom. Mas aposto que em termos de originalidade terá bebido por vezes de Evangelion ou de Death Note;
  • Imenso mundo feminino, inúmeras miúdas bonitas com desempenhos expressivos na série - Super! Mas por que razão tendem todas a apaixonar-se pelo mesmo rapaz?

Como cotação final: 10/10 bolachas.
Esqueçam, eu tinha mesmo de dar todas as bolachas. Totalmente merecidas,na minha óptica é claro. ^^

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