Hellsing

Título Original: Herushingu

Género: Acção; Ficção Sobrenatural.
Autor: Chiaki J. Konaka
Director: Umanosuke Lida
Estúdio: Gonzo
Emissão Original: De 10 de Outubro de 2001 a 16 de Janeiro de 2002
Duração: 13 episódios.


"I'm going to violate every part of your being. I will consume every last part of your body and soul, leaving you in ruin."



História

Vampiros e "ghouls" assombram a Inglaterra dos nossos dias, assumindo-se como uma ameaça à população, sendo que boa parte desta desconhece a sua existência concreta.
Importantes forças internas surgem na nossa tela ao longo da série, como o MI5, a Scotland Yard, a unidade das Forças Especiais D11, o exército inglês (entre outras) e até mesmo forças de cariz externo, como o misterioso braço armado ao serviço do Vaticano... mas em última instância é a Organização Hellsing quem faz frente a este fenómeno procurando proteger os humanos de vorazes mortos-vivos, objectivando ao mesmo tempo o maior sigilo possível.

Ao serviço da Rainha, Sir Integra Hellsing comandará as suas forças protestantes e contará com dois improváveis aliados: Arucard (presumivelmente o próprio Drácula e Seras Victoria, uma rapariga que integrava a elite especial D11 mas que às portas da morte foi convertida pelo seu novo mestre Arucard).

O enredo parte da manga (iniciada em 1997 e concluída apenas em 2009) pelo que entende-se o objectivo do director deste projecto ao focar-se apenas numa problemática - esta incide sobretudo em pequenos chips (supostamente gerados pelos próprios humanos) e que são vendidos enquanto a droga mais recente, concedendo habilidades vampíricas e uma manifesta sede de sangue aos que acolhem dentro de si estes aparelhos.
É com a ascensão de uma nova horda de "freaks" que este anime trabalha e projecta o confronto entre diversos interesses e forças, onde não faltarão as devidas movimentações políticas e militares e, calculem, enigmáticas traições.

Ambiente/Cenário

Este decorre numa conveniente Inglaterra: obscura em termos climatéricos, fria e histórica ao ponto de contribuir com algum contexto mais adequado ao tema abordado - vampiros. Convenha dizer-se que de facto esta escolha acaba por ser mais óbvia para ter vampiros em palco do que o típico receptor de anime: Japão.
As cores não fogem ao pretendido com tons mais negros e a trilha sonora contribui inegavelmente de forma positiva para o conjunto. De facto, não hesito neste ponto em dizer que Hellsing conta com um contexto bem estruturado e cujos momentos sonoros são não só apelativos mas também inseridos com argúcia.

Personagens

Arucard; Seras Victoria; Sir Integra Wingates Hellsing; Incógnito; Enrico Maxwell;
Walter; Paladino Alexander Anderson ou o comandante Peter Fargason são, na minha óptica, os verdadeiros protagonistas desta trama e conseguem demonstrar de forma eficaz as perspectivas, dissensões e articulações entre os diferentes grupos, quer ao nível religioso, quer ao nível político, quer ao nível militar ou quer mesmo ao nível da própria raça.
Pelo menos duas destas personagens, pela sua força, traços e consistência conseguirão vingar mais facilmente nas nossas memórias e falo obviamente de Arucard e de Sir Integra Hellsing.

Denote-se ainda os traços das diversas personagens, os quais, repletos de originalidade pontuarão a favor de Hellsing.

Lutas

Estas não são nada de transcendente (mesmo) e aguardava por uma evolução mais significativa de Seras Victoria que do início ao fim dará sempre a ideia de ser uma miúda ingénua, inofensiva e mesmo muito vulnerável... reparem que esta não somente era uma agente militar como ainda passa a ser uma vampira com todas as habilidades sobrenaturais intrínsecas a este novo estádio biológico e, mesmo com tudo isto, ela aparenta ser invariavelmente um alvo muito fácil.
Desejava ter assistido também a um outro embate mais determinante entre Alexander Anderson e Arucard mas não me posso esquecer que este anime é elaborado muito antes do término da manga, o que desculpabiliza de certo modo pormenores como este, assim como as limitações deste trabalho na concepção de um final digno desse nome.
Ainda assim, para quem gosta de trabalho de pistola tenderá a não sair deste vector totalmente desiludido.

Aspectos técnicos

Já antes enalteci a qualidade da trilha sonora (bem contextualizada); a solidez de algumas personagens e até mesmo a debilidade das lutas em si, mas não posso deixar de enumerar alguns outros pontos:

1 - A dinâmica da animação é fraquinha, por vezes apetece mesmo apontar o dedo e bramir um belo de um LAG!!
Não é no entanto constante, ou seja, peca apenas nos momentos em que se exige maior movimentação das personagens e aí sim, mesmo por algumas opções gráficas compreendemos facilmente as limitações presentes na elaboração deste projecto.

2 - O Grafismo tem um estilo muito próprio e vence no tipo de aposta que efectuou mas apesar de francas nuances de interesse, no seu todo está longe de arrebatar.

3 - Os diálogos são muito interessantes e é fácil encontrar uma frase em Arucard para dar montra a este anime.

4 - A história carece de mais, não só pela lógica de contar com um futuro ainda incerto mas também por evidenciar um desequilíbrio notório entre as personagens e ao dizê-lo não incido nas lutas e nos embates entre si mas sim na irregularidade de, por vezes criaturas mais fraquinhas e pouco numerosas conseguirem provocar mais danos do que as próprias personificações da ameaça.
Anyway, o Incógnito no final tratará de refutar isto que aqui expressei pois ele sim, cumpriu de certo modo com o peso estipulado para a sua personagem.


Hellsing acaba por ser uma mini-série que, não obstante as suas limitações técnicas e mesmo de suporte no que toca à real dimensão da história para a época, tem um QUÊ de inexplicável interesse e consegue no final de cada episódio puxar-nos com jeitinho para o seguinte.
Por esta inegável qualidade, Hellsing escapa a uma outra nota para se refastelar com...


Rating -7/10