Género: Fantasia; horror; tragédia; sobrenatural; seinen; mistério.
Director: Kenji Nakamura
Estúdio: Toei Animation
Emissão: de 12 de Julho de 2007 a 27 de Setembro de 2007
Duração: 12 episódios
"Whether or not it was real, as long as he, no, they, realized that their lives were over, it fulfilled its purpose."
Um homem misterioso denominado Medicine Seller vagueia pelo Japão feudal com o intuito de exterminar espíritos maléficos - designadamente os Mononoke. Esta frase só por si mesma centrará a essência do argumento da série.
Eu confesso que inicialmente não envergava grandes expectativas quanto a este projecto, mas acabei (felizmente) por me enganar redondamente: Mononoke foi um dos casos mais refrescantes que me passou em mãos nos últimos tempos! O desenho aparenta ser tosco e a animação da idade da pedra mas depressa esta primeira impressão evolui para um outro plano: o grafismo é absurdamente original, delineado ao mais pequeno pormenor e apostando no tracejado psicadélico, cheio de cores remetendo-nos no imediato para o Yellow Submarine dos Beatles em plena década de 60. Os efeitos técnicos misturam uma espécie de aliança entre distintos planos dimensionais e toda a animação é concebida de forma a nos transmitir sensações (aos próprios odores são atribuidas cores), significados e aquela ligeira inquietação de quando estamos a ver um filme de suspense.
Os diálogos são intermináveis. O Seiyu não teve efectivamente descanso neste trabalho. Apenas o protagonista central se repete entre as 5 histórias introduzidas na série - muito ao estilo do formato aplicado em Ghost Hunt. Quanto às histórias, estas variam dentro do período Edo, sendo a última já no término do referido período dada a introdução do comboio - mas sofre cada caso uma experimentação diferente alternando a profundidade de cada caso entre planos mais colectivos e outros mais íntimos sendo que o único ponto comum entre os diversos desfechos é o fundo trágico.
Em suma, este é um daqueles animes que não agradará a todos e cuja animação provocará estranheza a outros tantos mas a verdade é que se trata de um projecto sobretudo experimental, votado a uma realidade visual inovadora que consegue ser simplificada no traço ao ponto de surgir estilizada em determinados momentos e possibilitando assim a entrada de um Boom psicadélico na paleta de cores. Os efeitos técnicos são inteligentemente aplicados, sendo efectiva a formulação simbiótica entre os vários planos. O argumento, sem ser extremamente complexo, acaba por ser suficiente para estimular as nossas capacidades cognitivas a trabalharem um pouco mais - o que já não é nada mau.
Acredito que poderia encerrar a minha crítica com a seguinte frase: Kenji Nakamura cortou na dinâmica de animação, colocando-a num perigoso patamar de estaticidade para seguidamente optimizar ao máximo todas as demais componentes, logrando atingir um resultado que se regozija na diferença sem que isso se traduzisse em momento algum num decréscimo de qualidade.
9/10
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